Outubro Rosa, Ambiente, Genética e Epidemias: Como a Blockchain Pode Ser Uma Aliada no Combate ao Câncer de Mama?

Por Lorenzo G. e Camila Cezar Franzero, CP3P-F

Em mais um Outubro Rosa, dados do INCA – Instituto Nacional do Câncer apontam para um número de incidência de câncer de mama na população feminina de 66.280 casos entre os anos de 2020 e 2022, sendo a estimativa de casos relacionados aos aspectos ocupacionais da ordem de 5,13% dos casos¹.

O Câncer de Mama é o segundo tipo de câncer com maior incidência entre as mulheres e tem um índice de mortalidade de quase 30%. O principal desafio da doença não é mais a forma de tratamento, mas o tempo. Um diagnóstico precoce faz toda a diferença para que os casos tenham o encaminhamento adequado e não resultem em efeitos nocivos adversos tais como a metástase – quando as células cancerígenas são transportadas pelo sistema linfático de maneira a ensejar que o câncer atinja outros órgãos e células (até então) saudáveis do organismo.

Entre os desafios de diagnóstico estão a capacidade de diagnosticar, os custos e a conscientização da população. Com as campanhas no Outubro Rosa, a etapa de conscientização está sendo feita. Mas como reduzir custos e aumentar a capacidade de diagnóstico e tratamento?

É aqui que introduzimos ideias sobre os atuais usos da IA – Inteligência Artificial, aliada à blockchain, para tratar essas questões. Uma boa possibilidade está em projetos como o CheXZero – esse projeto especificamente é de radiografia, mas serve para exemplificar o avanço – revisado no MIT – Massachusets Institute of Technology em sua revista Technology Review. Nas palavras da própria revista:

“Depois de analisar milhares de radiografias de tórax e os relatórios clínicos que os acompanham, uma Inteligência Artificial (IA) aprendeu a detectar doenças nesses exames com a mesma precisão de um radiologista humano.

A maioria dos modelos atuais de diagnóstico de IA são treinados em varreduras rotuladas por humanos, mas essa rotulagem é um processo demorado. Agora, o novo modelo, chamado CheXzero, pode “aprender” por conta própria com os relatórios médicos existentes que os especialistas escreveram em linguagem natural.”²

Então, basicamente, as tecnologias de precisão diagnóstica a partir de IA estão prosperando, o que já diminuiria os custos e aumentaria a eficiência. Essas tecnologias levam em conta padrões que são, muitas vezes, indetectáveis a olhos humanos, como o caso exposto na publicação científica The Lancet Digital Health, onde IAs tiveram alta precisão em detectar etnias e características fenotípicas dos indivíduos a partir de radiografias³.

A importância disso (excluindo aqui a discussão sobre visões enviesadas acerca de existência, ou não, de preconceito por parte do computador), é que estamos avançando muito em direção ao cenário de previsibilidade diagnóstica ideal. Explico aqui: muito do que a ciência descobriu sobre o câncer está associado a características genéticas e influência de fatores ambientais, mas nunca estivemos tão perto de conseguir precisar quais os marcadores genéticos, quais seus grupos étnicos ancestrais com exatidão ou até mesmo, qual sua possibilidade real de desenvolver uma doença com base nesses marcadores.

E o que podemos fazer para acelerar o procedimento de maneira segura? A Blockchain é a resposta. Imagine uma rede de saúde integrada desenvolvida em Blockchain, como isso funcionaria?

O acesso do paciente seria feito por carteiras (wallets) integradas às redes de saúde pública e particular no formato de rede privada (private chain), ou seja, uma rede criada especificamente para esse fim. Lá constariam todos os seus prontuários – com essa agilidade, bastaria um número de série ligado a um hash, para que o médico possa analisar seu histórico e tenha acesso em poucos segundos. Os tratamentos prescritos podem ter registros de receitas na mesma rede e com um nível de integração com uma rede privada em farmácias, você poderia comprar remédios (inclusive controlados) com muito mais agilidade (uma vez que esses dados são disponibilizados com maior agilidade e estão seguros por uma criptografia que ainda não pode ser decifrada – e provavelmente no caso dos “ZK systems” nunca será).

Estamos diante de uma revolução de custos e eficiência a partir de informações organizadas em uma mesma rede mundial, a blockchain, que facilitaria em muito a obtenção de dados importantes. A partir disso poderíamos:

–       Monitorar o aumento de compra de um determinado antibiótico em uma região (para planejamento de ações de saúde pública e monitoramento de doenças endêmicas);

–       Avaliar a distribuição de pacientes pela rede (possibilitando redirecionamento ágil desses pacientes para tratamento em regiões adjacentes menos sobrecarregadas);

–       Planejar o enfrentamento de pandemias, com a primeira possibilidade real de rastrear o paciente zero; e

–       Avaliar de forma concreta com dados em blockchain riscos ambientais (ora, se em uma região a incidência de câncer de mama for 10 vezes mais alta, ali temos ou um fator ambiental relevante, ou uma população com uma predisposição genética que deve ser estudada, ou algum fator atribuível àquela área ou grupo de pessoas em particular).

Desse modo temos uma tecnologia que se alia para ser um game changer no combate ao câncer de mama, prevenção de epidemias, identificação de riscos ambientais e genéticos e principalmente: uma renovação da possibilidade de adquirir longevidade na expectativa de vida da espécie como um todo. Nós da Infraverse estamos prontos para ajudar as Healthtechs a trabalhar na construção de um futuro mais saudável para todos.

¹ CÂNCER DE MAMA RELACIONADO AO TRABALHO. Disponível em: https://www.inca.gov.br/publicacoes/infograficos/cancer-de-mama-relacionado-ao-trabalho

² UMA INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL USOU PRONTUÁRIOS MÉDICOS PARA APRENDER A DETECTAR DOENÇAS EM RADIOGRAFIAS DE TÓRAX. Disponível em: https://mittechreview.com.br/uma-inteligencia-artificial-usou-prontuarios-medicos-para-aprender-a-detectar-doencas-em-radiografias-de-torax/

 ³ IA PODE IDENTIFICAR A ETNIA DAS PESSOAS EM IMAGENS DE RAIOS-X E LEVANTA QUESTÕES ÉTICAS. Disponível em: https://olhardigital.com.br/2022/05/19/ciencia-e-espaco/ia-pode-identificar-a-etnia-das-pessoas-em-imagens-de-raios-x-e-levanta-questoes-eticas/

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